quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Celebrando meus Akhu


Nós celebramos nossos antepassados.Nós acreditamos que eles ao passarem ilesos por Wesir e tudo o que envolve a entrada no Duat, se tornam seres de luz,benditas estrelas que iluminam nossos caminhos. Nós viemos deles e isso é muita coisa. Há N formas de se fazer isso. E hoje,apesar de o nosso festival Wag (algo equivalente ao dia de finados) já ter passado,eu quero falar um pouco sobre a minha  prática pessoal para com os meus Akhu.

O festival Wag durou dois dias e sinceramente eu não estava muito animada para fazer nada formal.Pensei mil coisas e nada me satisfazia.Pensei muito no meu pai que sempre me ensinou que as coisas impostas (ou auto impostas) nem sempre dão um resultado positivo. Então pedi desculpas e avisei que naquele dia não ia ter nada. No segundo dia do festival eu acordei com uma vontade imensa de ouvir músicas antigas. Peguei um cd do meu pai e coloquei para ouvir. Fui fazer comida e sabe-se lá porque resolvi fazer um prato que leva MUITA cebola, ingrediente esse que meu pai adorava com fervor. Eu mexia a panela e o pensamento vagava,quando dei por mim eu estava chorando.Não chorei de saudade,chorei de gratidão por tudo que está acontecendo em minha vida.Por tudo de lindo,por todo amor e por toda alegria que eu tenho colocado em minha vida e na vida dos meus.E ali eu percebi que essa é a lição que meus Akhu querem que eu perceba não só no dia deles mas todos os dias da minha vida.Para que quando eu me torne Akh,alguém tenha coisas boas para lembrar de mim.

E eu cantei muito,cantei na língua deles e chorei e ri.Porque nós somos assim,porque eu sou assim.E sonhei,sonhei com bailes e vestidos,com danças que eu não sei dançar mas que espero um dia aprender. Nós (a família civil) não somos de palavras bonitas e grandes louvores.Eu não sou uma pessoa formal.Eu não sei belos hinos.Eu não tenho a voz firme.Mas eu tenho um coração grande que procura ter nobreza dentro de si.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Wep Ronpet 2011

No começo de Agosto aconteceu o nosso ano novo. Celebra-se o último dia do ano ,mais os 5 dias epagomenais e o dia de ano novo conhecido como Wep Ronpet.Sim,são sete dias de coisas a fazer,organizar,meditar. Por uma dessas coincidências gostosas que a vida proporciona ,eu estava de férias, Paqeni idem. A Tanakht conseguiu uns dias a mais em suas férias e já estávamos planejando isso há um certo tempo.Finalmente íamos nos conhecer e celebrar juntos. O tempo passou ,eu e Paqeni conhecemos o Hap que também se juntou às nossas festas.

Um mês depois eu consigo escrever sobre isso.Não é fácil ter uma família espalhada pelo mundo,longe do alcance das mãos. Há muito tempo eu não sabia o que era celebrar de olhos fechados e em confiança plena. Há muito tempo eu não sentia um culto me puxar tanto pela alma e coração como agora (exceto o meu amor por Ares).Foi tão significativo que eu posso dizer sem medo que não estava na minha condição mental 100% eficaz.Como assim? Passei uma semana entre dois mundo sendo duas pessoas: a civil que recebeu os amigos e não sabia muito o que fazer com isso e a pessoa kemetica que ainda está sendo descoberta como tal. Sim,isso é engraçado! Eu poderia ter surtado e ficado triste por estar meio perdida nisso tudo,mas eu preferi deixar fluir e aceitar tudo e com isso viver o momento.
Eu vi nossos deuses,um a um,oração após oração,dia após dia.Eu vi nossos pais sagrados e até os deuses que não tenho muita intimidade. Eu sofri por ter que falar com eles,porque eles sabem que eu sou totalmente silenciosa em minhas preces.Mas eram dias formais e eu precisava agir assim.E foi sincero apesar de dolorido.O que importa mesmo é que aprendi com Eles e com seus filhos que eu posso mais,muito mais.E eu quero mais. (Mais detalhes sobre o evento você lê no blog da Tanakht aqui )

Celebramos,passeamos, decoramos corpos e altares,rimos,amamos.E eu ,que pensei estar descrente do amor e da amizade,percebi que amo e acredito que existem pessoas parceiras e amigas e que quero que elas permaneçam na minha pelo fato de nos aceitarmos. Ganhamos com nossa fé uma comunidade inteira que celebra junto e não permite que distancias geográficas sejam empecilhos para nada.

Ano novo que marca o começo de uma nova estação,um novo mês.Um Zep Tepi,um amanhecer.Uma nova chance nos é dada todos os dias.Uma nova chance de acreditar,de tentar,de amar. O ano que começa exatamente com o meu Pai aparecendo sublime no céu,nos mostrando que nada pode ser maior que a luz,que a esperança,que o amor. Naquele momento eu percebi que Paut é uma nova pessoa acoplada dentro de um inteiro é que dela emana raios de Sol,de alegria,de festa,de afeto.Eu me vi ali cercada de amigos,de irmãos,visíveis ou não,perto ou distantes. Eu vi a parte e o todo.Eu vi todas as possibilidades de uma nova vida.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Amanhecer


Tudo tem um começo e bem sei disso afinal eu sou filha do Senhor do Amanhecer,Khepera.

Dia oito de março de 2011 foi a data da minha nomeação, o dia que meu Pai anunciou por todo o céu o nome de sua filha e que meus amados me receberam de braços abertos recitando meu nome,minha identidade. Foi o meu Zep Tepi, o meu amanhecer, o meu início.

Pouco se fala no Brasil sobre o Kemetismo Ortodoxo, então penso...porque não falar um pouco? Pouco se sabe da simplicidade do nosso cotidiano,nossos gostos,nossos pensares,então porque não? Calma.Não espere que eu vá postar fórmulas mágicas da maldição da múmia! Aqui eu quero escrever sobre as minhas sensações ..aquela sensação que a areia nos faz sentir na sola dos pés. Simples assim.A vida Kemetica é simples,muito simples.

Agora eu abro a minha tenda para a visita dos amigos e irmãos do Brasil ou não. Escolha uma almofada colorida,sirva-se de chá.Aprecie o nascer de meu Pai em pleno deserto!